domingo, 29 de abril de 2018

A Vocação de Pessoas com Atração pelo mesmo Sexo



Geralmente pessoas que possuem conflito com atração pelo mesmo sexo pensam em celibato, isso é normal, mas esse pensamento pode evidenciar algo a mais.

Algumas pessoas não sabem a diferença entre ser casto ou ser celibatário.

Castidade, ou pureza sexual, como alguns chamam é para todos, não importa a tendência sexual. O Sexto Mandamento é “Não pecar contra a castidade”. Isso é para todos, inclusive para casais.

Celibato, segundo o nome em si é alguém que não casou e não necessariamente alguém que se abstêm de relações sexuais, mas alguém que optou por não casar. O termo em geral é usado para representar pessoas que consagraram sua vida em dedicação total de amor e serviços a Deus e por isso optaram por não se casar.

Então, quando uso o termo “celibato” estou me referindo não apenas a negação do casamento, mas à consagração religiosa. Qualquer pessoa pode escolher o celibato por diversos motivos, mas só o religioso consagra sua vida.

É comum pessoas com atração pelo mesmo sexo exercerem cargos de destaque em igrejas ou pastorais. Não que todos os cargos sejam ocupados por pessoas com atração pelo mesmo sexo, na verdade a minoria o é, mas pessoas em tais condições são mais propensas a ocupar cargos de destaque, principalmente em áreas de música, ensino e assistencialismo.

Isso mesmo de forma inconsciente supre parte da carência de aceitação, atenção e reconhecimento, não que isso seja um problema, mas pode acabar mascarando a raiz das necessidades emocionais.

Com isso, muitos preferem se dedicar a trabalhos eclesiásticos a se preocupar com relacionamentos afetivos e assim usam o celibato como um escape social, é comum ouvir frases do tipo: “Estou ocupado cuidando de trabalho pastoral, não tenho tempo para me preocupar com relacionamentos”. Assim, muitas pessoas mascaram ou se acostumam com a atração pelo mesmo sexo até resolver se entregar de vez a vida de celibato.

Isso é errado?

No meu ponto de vista não, desde que a pessoa tenha total ciência disso. Se a pessoa estiver completamente consciente que sua “vocação” se deu pelas circunstâncias e não necessariamente por um chamado divino, eu não considero errado, mas infelizmente muitos não percebem isso e confundem circunstâncias com vocação.

As circunstâncias são temporárias, a vocação não.

Assim como celibato é uma vocação, casamento também é. E é preciso ter muita certeza do que está sendo feito, para que nem o celibatário e nem o casado quebre seu voto.

Não é algo circunstancial, como por exemplo: “Se eu não mudar, eu sigo o celibato”, “Vou tentar me envolver com alguém do sexo oposto, se eu não conseguir, me separo”, ou “Deus permite isso para que eu seja celibatário”. Isso além de ser um pensamento errado, pode gerar uma auto vocação.

Falar em votos de consagração ou de casamento é algo sério. O ideal é enquanto existir conflitos sexuais não pensar em voto algum, evitando futuramente quebrar os votos feitos.

Uma má escolha pode ser sinônimo de desastre. Como já dito, as pessoas com atração pelo mesmo sexo são mais propensas a servir em pastorais e na comunidade local, por isso fica “mais fácil” a orientação para uma vida consagrada. Assim como também existe a orientação de casamento forçado, por mais que o desejo sexual da pessoa seja majoritário pelo mesmo sexo, se ela for capaz de conviver com alguém do sexo oposto, existem algumas indicações para casamento. Ambas as indicações são equivocadas e perigosas e só levam em conta as circunstâncias e emoções do momento e não uma vocação clara.

Sem uma vocação sólida, nenhum voto deve ser feito. Não se deve levar em conta circunstâncias e emoções. No caso do celibato isso vale tanto para um voto de consagração feito diante da igreja como um voto pessoal em se entregar a Deus em dedicação e amor ao ponto de optar por não casar, dedicando mais tempo para o serviço da obra de Deus.

Chamo de vocação sólida a clareza a total do voto. Isso não significa que a pessoa não tenha medo de fazer a escolha errada, é comum tanto em casados como celibatários o medo e incerteza nos primeiros anos. Claro que é Deus quem nos capacita, Ele é nosso refúgio em tempos de adversidades, é nossa força e nosso guia. Porém a pessoa sabe que não é uma fuga, mas uma direção de Deus. A pessoa que possui uma vocação sólida sabe o que está renunciando. O casado renuncia a vida de solteiro e o solteiro a de casado.

Renunciar é diferente de não poder cumprir.

Quem aceita o celibato sabe que pode se casar, mas renuncia isso por amor a Deus. É diferente de não poder se casar devido a uma condição sexual.

Olhar a situação apenas pelo ponto de vista sexual é muito limitado, a vocação vai além da capacidade sexual da pessoa. Ambas as vocações (casamento / celibato) exigem características emocionais e psicológicas normalmente afetadas na vida de quem sofre com a neurose homossexual. [É utilizado a expressão "neurose homossexual" para designar as implicações  da atração pelo mesmo sexo. O termo não se refere meramente a atração, mas ao complexo como um todo, incluso seu desenvolvimento, déficit e manifestações.]

O celibatário não é apenas um religioso, mas é pai, líder, diretor, provedor, protetor, entre outros.

O casado não é apenas um marido, mas é pai, líder, diretor, provedor, protetor, entre outros.

A neurose homossexual não deve ser combatida apenas pra se obter realização sexual com o sexo oposto, pensar isso será mais uma vez egoísmo e uma busca por auto satisfação. Não defendo que a neurose homossexual deva ser combatida por satisfação física, mas por alegria que é algo da alma.

É comum a incerteza quando se pensa em futuro, pois está preso a uma circunstância. Por isso que enfrentar a atração pelo mesmo sexo é melhor do que se acostumar a ela.

Superar a atração pelo mesmo sexo não significa a obrigação de constituir família, alguns mesmo livres da atração não se casam. Renunciam o casamento, mas sabem que são capazes de se casar.

Nesse sentido, eu diria que para algumas pessoas, lutar contra a atração pelo mesmo sexo nada mais é do que descobrir a sua vocação. Alguns foram chamados para o casamento, outros não, mas a pessoa só pode ter certeza disso quando estiver livre da neurose homossexual.

Sei também que nem todos conseguem superar a atração pelo mesmo sexo, na maioria dos casos existem avanços significativos ou superação total, mas não em todos os casos. Isso não significa que a pessoa foi criada por Deus assim ou que a condição é necessariamente um chamado para o celibato religioso. Significa que a pessoa não foi capaz de vencer as circunstâncias, mas apesar das circunstâncias ela escolhe viver de forma santa e dedicada a Deus, o que exige uma escolha e entrega diária, lembrando sempre que os prazeres dessa vida são passageiros e o que nos aguarda é infinitamente maior.

Entre relações ilícitas ou o celibato, a resposta será sempre celibato. Mas diante da atração pelo mesmo sexo, escolha não se acostumar com ela.

João Css.


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