domingo, 22 de dezembro de 2013

Relato de Casos de Terapia Reparativa

Utilizando transcrições reais de sessões gravadas em fitas-cassete, este livro utiliza os princípios básicos de meu trabalho anterior, mais técnico, Terapia Reparativa da Homossexualidade Masculina. Nesse livro, é possível encontrar exemplos claros da forma como trabalho com meus pacientes enquanto enfrentam as distorções que escurecem suas verdadeiras identidades masculinas.

Foram necessárias algumas restrições nas expressões verbais e uma simplificação dos termos clínicos para destacar os temas do processo de reparação. Além disso, para preservar a privacidade dos pacientes, cada caso aqui apresentado é um misto de experiências de diversos indivíduos com problemas similares. Nenhum caso se adapta detalhadamente a um único paciente. Qualquer fato que aponte para uma pessoa concreta é pura coincidência.

O Movimento de Libertação Gay tem alcançado grande êxito por meio do drama dos testemunhos pessoais. Quando todos os argumentos teóricos, tanto os que eram a favor quanto os contrários à ideia da homossexualidade como patologia, foram apresentados à Associação Psiquiátrica Americana (APA) em 1973, foi a perspectiva sociopolítica que teve maior influência. Ouvindo algumas histórias pessoais de frustração no tratamento de alguns gays, a associação psiquiátrica suprimiu a homossexualidade como categoria de diagnóstico.

Agora, exatamente 20 anos depois, oferecemos o lado oposto do testemunho pessoal, o dos homossexuais que tentaram aceitar uma identidade gay, mas que não se sentiram satisfeitos e logo se beneficiaram da psicoterapia para ajudá-los a libertar-se do conflito de identidade de gênero que reside por detrás da maioria dos casos de homossexualidade.

Ainda que a história de cada paciente seja única, escolhi oito homens como representantes das personalidades que encontrei ao longo dos doze anos em que tratei a mais de 200 pacientes homossexuais. Cada paciente possui algum dos aspectos presentes nesses oito homens – como a fragilidade de Albert, a integridade de Charlie, a ira de Dan, o narcisismo de Steve e a ambivalência
de Roger.

Alguns leitores podem surpreender-se com o estilo direto de minha intervenção terapêutica. Em parte, essa impressão pode dever-se à síntese editorial da transcrição. Por questões de brevidade e clareza, algumas das sutilezas podem ter sido supridas. Por outra parte, a terapia reparativa requer um terapeuta mais aplicado – um “provocador benevolente”, que saia da tradição de analista não aplicado e opaco para converter-se em uma presença masculina relevante.

O terapeuta deve equilibrar espírito ativo com o ânimo vigoroso para seguir o modelo pai-filho e mentor-aluno. Esse é um princípio essencial para a terapia reparativa.

A terapia reparativa não explica todas as formas de homossexualidade, senão somente a síndrome predominante que encontrei em minha consulta. Essa terapia não é para todos os homossexuais. Alguns podem preferir a Terapia da Afirmação Gay. Muitos homossexuais preferem pensar: “eu nasci desta forma”, evitando, assim, trabalhar os problemas dos quais tratamos aqui.

Além disso, não foi encontrada nenhuma evidência conclusiva para qualquer base biológica da homossexualidade. Ainda que alguns homens possam estar predispostos à passividade e à sensibilidade por causa de seus temperamentos (e, portanto, à ferida de identidade de gênero que ode conduzir à homossexualidade), sempre me pareceu que o “nasci dessa forma” não é senão outra forma de dizer: “não quero ver os problemas de desenvolvimento que me fizeram homossexual”.

Este livro foi escrito em um momento de debate público sem precedentes sobre as inquietudes políticas, legislativas e psicoterapêuticas sobre a homossexualidade. No momento em que o publicamos, debate-se agora questões como os gays no exército, os gays nos Boy Scouts e as emendas de direitos dos gays de Óregon. Entre todos os ramos de profissionais da saúde mental, fazem-se tentativas de qualificar a terapia reparativa como ilegal e carente de ética, sobre o pretexto de que não produz mudanças e que, ao paciente, faz mais mal que bem.

Qualquer terapia psicológica que tente tratar da homossexualidade provavelmente provoque ceticismo. Compreende-se uma reação assim, considerada a história do tratamento. As hostilidades que se faziam no passado em nome do tratamento incluem terapia de eletrochoque, castração e cirurgia de cérebro. Foram cometidas muitas injustiças sociais sobre os homossexuais pelos que utilizam como justificativa o fato de que a homossexualidade é uma desordem de desenvolvimento.

Não é nossa intenção contribuir com a hostilidade reacionária. Ademais, existe uma distinção entre ciência e política, e a ciência não deveria render-se à pressão da política gay.

A NARTH – National Association for Research and Therapy of Homosexuality (Associação Nacional para a Investigação e Terapia de Homossexualidade) foi formada recentemente para combater a politização de assuntos científicos e de tratamento. A NARTH defenderá os direitos dos terapeutas de tratar os homossexuais insatisfeitos. Somente poucos meses depois de seu início, mais de cem psiquiatras titulados, psicólogos, orientadores sociais e trabalhadores sociais se haviam unido a essa organização. A NARTH defenderá os direitos dos terapeutas de seguirem estudando e aperfeiçoando técnicas terapêuticas para homens e mulheres que lutam contra pensamentos, sentimentos e condutas homossexuais e que não a querem aceitar como parte de suas identidades mais profundas.

Gostaria de apresentar meu apreço aos investigadores psicanalíticos mais precoces na tradição da etapa do pré-Édipo, do impulso reparador, que moldaram minha compreensão de meus pacientes, especialmente a Sandor Rado, M.D., Irving Bieber, M.D., e Charles W. Socarides, M.D.  

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