quinta-feira, 23 de maio de 2013

Vergonha e Perda de Apego: A Prática da Terapia Reparativa

Análise da obra de Joseph J. Nicolosi, Ph.D.

Recentemente a Associação Americana de Psicologia emitiu uma declaração dizendo que a terapia reparativa é ineficaz e que terapeutas não devem informar seus pacientes de que a mudança na orientação sexual é possível. Infelizmente, a equipe designada para avaliar a terapia reparativa era composta por defensores dos direitos dos gays. Devido à sua composição, tal equipe não reviu muitas das pesquisas sobre os efeitos positivos da terapia reparativa. Um dos trabalhos pertinentes que foram ignorados foi o novo livro do Dr. Joseph Nicolosi Shame and Attachment Loss: The Practical Work of Reparative Therapy (Vergonha e Perda de Apego: A Prática da Terapia Reparativa) .Este trabalho seminal tem respaldo em mais de duas décadas de pesquisa clínica, e cita diversas fontes. O livro tem o aval de vários profissionais importantes na área da psicologia e inclui prefácios escritos por H. Newton Malony, Ph.D., professor titular da Escola de Psicologia da Fuller Theological Seminary; e Robert Perloff, Ph.D., ex-presidente da Associação Americana de Psicologia e Professor Emérito Distinto da Universidade de Pittsburgh.

O livro de Nicolosi é dividido em três partes. A parte um (capítulos 1-5) discute a psicodinâmica da homossexualidade. Fundamentado na Teoria do Apego de John Bowlby, Nicolosi encara a homossexualidade como uma forma de compensação por problemas precoces de apego. Apesar de não haver pesquisas que claramente tenham identificado ligações genéticas ou biológicas à homossexualidade, Nicolosi concorda que pode haver uma certa predisposição biológica para a homossexualidade. No entanto, ele deixa claro que predisposição não é o mesmo que predestinação. Existem muito mais fatores ambientais ligados à etiologia da homossexualidade.

O padrão de família típico que propicia a homossexualidade é: uma mãe dominadora com personalidade forte que é envolvida emocionalmente em excesso com seu filho; um pai quieto, retraído, sem expressividade, e/ou hostil; e um filho que possui temperamento tímido, introvertido, artístico, e imaginativo. Dentro desse padrão triádico clássico, os relacionamentos não são nada saudáveis. No relacionamento entre marido e mulher, o marido evita sua mulher por ser emocionalmente sugadora. Há uma falta de compatibilidade no casamento com pouca intimidade. Isto faz com que a esposa se sinta extremamente solitária em seu casamento. Para compensar, ela se torna emocionalmente dependente de seu filho. Ela torna seu filho responsável por sua felicidade emocional. O relacionamento entre pai e filho é relativamente frio e distante. O pai pode não saber como se relacionar com um filho com temperamento sensível. Ele pode ainda não saber como criar laços caso goste de esportes e seu filho não. Vendo os laços fortes e emocionais que o filho possui com a mãe, o pai pode relegá-lo aos cuidados da mãe. Esta decisão também beneficia o pai pois faz com que a relação conjugal o sugue menos.

Apesar de mãe e filho poderem ter uma relação muito próxima e de muito amor, é uma relação que verdadeiramente não é sadia. Por ser responsável pelo bem estar emocional de sua mãe, o filho deve adotar a personalidade do “bom menino”. Ao invés de ser ele mesmo e arriscar uma rejeição de seus pais, ele reprime seus verdadeiros sentimentos e se torna o “bom menino”. Esta repressão é uma experiência de vergonha para o menino. Ele aprende que seu verdadeiro eu é uma coisa má e não-amável. Para ser amado, ele deve ser alguém que não é de verdade. Esta mensagem é transmitida ao menino no que Nicolosi se refere como o “duplo vínculo”. Apesar de seus pais lhe dizerem o quanto o amam e querem que seja feliz, seu comportamento e linguagem corporal o dizem que na verdade ele não é amável e deve fingir ser alguém diferente para ser amado e aceito. Esta situação é chamada de “duplo vínculo” por separá-lo dos outros e de si mesmo. Ele aprende que não pode expressar suas verdadeiras necessidades aos outros, ou será rejeitado.

Ser o “bom menino” toma muito tempo e energia e impede que o filho consiga se ligar com o pai e com outras pessoas do sexo masculino. Esta necessidade não atingida de ser amado, aceito e reconhecido por outros homens permanece e se fortalece. Apesar de garantir o amor e aceitação dos pais por ser o “bom menino”, isto força o garoto a sacrificar sua verdadeira masculinidade. Ele tem negada sua habilidade de ser ele próprio e de se relacionar com outros homens, muito cedo em sua vida. Ao experimentar o desenvolvimento psicossexual da adolescência, a necessidade de se relacionar se torna erotizada. Esta condição resulta na atração homossexual.

Nicolosi descreve o desenvolvimento da atração homossexual como uma série de quatro fases:

1) Estado Assertivo: sentindo-se forte e confiante. O homem é capaz de ser ele mesmo e firmar sua masculinidade saudavelmente.

2) Estado da Vergonha: tendo seu potencial masculino negado ao ser forçado a agir como o “bom menino”. Aprende que seu verdadeiro eu não pode ser amado. Ele se sente rejeitado, dispensado, ou desvalorizado. Sua verdadeira masculinidade é abalada.

3) A Zona Cinza: é um estado de dor emocional. O homem se sente sozinho, rejeitado, desvalorizado, cerceado e morto por dentro.

4) Atração ou Ato Homossexual: em uma tentativa de reparar sua masculinidade, ferida na fase da vergonha, o homem busca outros homens para seu conforto e/ou prazer sexual. No nível do subconsciente, é uma tentativa de adquirir de outro homem a masculinidade que foi perdida na fase da vergonha.

O objetivo da terapia reparativa é de levar o homem de volta a um estado de Assertividade. O restabelecimento deste estado requer que o homem examine sua vida atual e sua família de origem para que compreenda o motivo de sua vergonha. Ao curar as feridas do estado de vergonha, ele pode retornar ao estado de assertividade. Enquanto estiver neste estado, o homem pode desenvolver relacionamentos saudáveis com outros homens e experimentar laços masculinos sadios que ele nunca teve. Homens que experimentaram este processo viram suas atrações homossexuais diminuir muito. Quando estão em amizades sadias e não sexuais, se sentem confiantes consigo mesmos. Tal confiança pode ajudar homens a permanecerem no estado assertivo e resolver suas atrações pelo mesmo sexo.

A parte dois do livro (capítulos 6-18) descreve a terapia focada na Emoção. Como parte do retorno do homossexual ao estado de assertividade, o terapeuta deve transformar o “duplo vínculo” em um“duplo laço”. Neste processo, o terapeuta faz afirmações sadias quando o cliente expressa necessidades autênticas. O paciente não experimenta mais a necessidade de assumir o papel do “bom menino”. Ele pode abandonar quaisquer sentimentos negativos sobre si mesmo e se sentir unido consigo mesmo e com outros. Esta técnica ajuda o paciente a se sentir mais confiante e a confiar mais no terapeuta. Ao invés de sentir raiva de si mesmo e pena dos outros, ele sente pena de si mesmo e raiva dos outros por não satisfazer suas necessidades verdadeiras. Isto permite que se desvencilhe da vergonha e se torne assertivo.

Nicolosi também defende o uso de“trabalho corporal” na terapia. Para ajudar os pacientes a se tornarem mais sintonizados para o que acontece no subconsciente, Nicolosi faz com que se concentrem na forma como experimentam emoções fisicamente. Por exemplo, um aperto no peito pode representar medo. Um surto de energia nos braços e nas pernas pode indicar raiva. Um peso no peito pode significar tristeza. Explicações das sessões de terapia são usadas ao longo de todo o livro para demonstrar como funciona o trabalho corporal.

Em uma sessão típica, um paciente descreve uma ocasião recente em que tenha sentido atração homossexual ou que tenha se entregado. O terapeuta então reconstitui o ocorrido baseado nas quatro etapas. Ele então pergunta ao paciente como se sente fisicamente ao falar sobre o ocorrido. A ideia é permanecer com o sentimento. Esta técnica ajuda o paciente a revelar a zona cinzenta e o estado de vergonha que levaram ao acontecido e as emoções que estava sentindo no momento. As emoções então são ligadas a um período anterior em sua vida em que tenha sentido da mesma forma. Por exemplo, experimentar vergonha, tristeza ou rejeição que tenham levado ao ato homossexual pode estar relacionado a um momento durante a infância em que tenha sentido as mesmas emoções. O terapeuta pode então auxiliar o paciente através dos eventos dolorosos no presente e passado de uma forma afirmativa e aceita. Este processo leva à regeneração de feridas emocionais, que por sua vez conduz o paciente de volta ao estado assertivo. Com a prática, o paciente pode aprender a identificar estados de vergonha mais rápido e trabalhar para retornar ao estado assertivo antes de entrar na zona cinzenta e possivelmente no ato homossexual. Quanto mais tempo permanecer no estado assertivo, mais ele poderá criar laços sadios com outros homens. Esta abordagem eventualmente leva à resolução da atração homossexual.

Nicolosi dedica catorze capítulos ao processo terapêutico. Este nível de detalhe é necessário pois usar trabalho corporal na terapia pode ser um processo longo e difícil, e que requer muita prática do terapeuta. Existe muito mais sobre o processo do que eu posso tratar em uma breve análise do livro. Entretanto, Nicolosi e seus colegas descobriram que é altamente eficaz em resolver casos de homossexualidade indesejada. Recomendo a leitura do livro diversas vezes para que se possa compreender perfeitamente de que forma o trabalho corporal pode ser eficaz na terapia reparativa.

A terceira parte do livro (capítulos 19-23) se volta para o “trabalho de dor”. Ao analisar o estado de vergonha, os pacientes devem entender e aceitar que houve várias coisas que não receberam de seus pais que resultaram em sua homossexualidade. Estes elementos que faltaram podem incluir um relacionamento forte ou um vínculo com o pai, uma mãe que não fosse tão dependente emocionalmente, colegas que o aceitassem, etc. O processo de reparação necessariamente requer que os homens aceitem e sintam a perda dessas coisas. Esta etapa ajuda que os pacientes deixem de compensar estas faltas por meio de relacionamentos românticos/sexuais com outros homens. Eles aprendem que mesmo com estes déficits emocionais/perda de apego, eles ainda podem viver suas vidas como homens saudáveis e confiantes. Ao compreenderem isto, voltam ao estado de assertividade onde podem desenvolver relacionamentos saudáveis e não-sexuais com outros homens.

O livro de Joseph Nicolosi é uma fonte excelente para aqueles que desejam saber como funciona a terapia reparativa. Ele mostra como a perda de ligação/apego e a vergonha estão relacionadas ao desenvolvimento da homossexualidade de uma forma compreensível. Apesar de algumas pessoas do campo da saúde mental questionarem a eficácia da terapia reparativa, os anos de pesquisa e de experiência clínica de Nicolosi têm mostrado resultados positivos. No entanto, esta não é a última palavra para resumir a atração pelo mesmo sexo. Alguns assuntos não são abordados no livro. Por exemplo, ele não fala sobre a imagem corporal, que já se descobriu ter relação com o homossexualismo. A comunidade gay enfatiza o culto ao corpo masculino“perfeito”. Tal ênfase leva diversos homens a passarem horas fazendo exercícios físicos em academias ou ainda se submeterem a cirurgias estéticas. Homens com uma imagem corporal inferior podem desenvolver atração pelo mesmo sexo como resultado de um forte desejo de ter o corpo “perfeito” e assim ser aceito por outros homens. Além disto, Nicolosi não aborda o problema da rejeição de colegas. Muitos homossexuais relatam que quando eram meninos eram rejeitados por seus colegas, geralmente em virtude de poucas habilidades atléticas. A falta de aceitação de colegas da mesma idade pode levar à falta de ligação masculina, que está associada ao desenvolvimento de atração pelo mesmo sexo. Finalmente, Nicolosi fala apenas sobre homossexualidade masculina no livro. Ele faz pouca referência ao desenvolvimento e tratamento da homossexualidade feminina.

Ainda assim, o livro de Nicolosi é o primeiro de seu tipo. Nenhum outro apresenta uma visão aprofundada de como a terapia reparativa funciona. Ele descreve claramente a teoria e as técnicas da terapia reparativa, e as explicações das sessões mostram como funciona o processo. Este livro é recomendado a qualquer um que se interessa em aprender sobre terapia reparativa. Espero que o livro de Nicolosi renda novas pesquisas que examinem a eficácia da terapia reparativa.

Peter C. Kleponis, M.A., L.P.C.
Diretor Assistente
Instituto para Cura Matrimonial e Serviços de Aconselhamento Compreensivo
West Conshohocken, Pennsylvania

Fonte: NARTH Para Brasileiros

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